14 julho 2016

Megaloceros, o cervo gigante

Crédito: Charles R. Knight / Museu de Arte da Universidade de Princeton

    Megaloceros (do grego "grande chifre") é um gênero extinto de cervo que viveu em toda a Eurásia, no Pleistoceno e início do Holoceno. Seu tamanho variava muito de acordo com a espécie, as menores medindo cerca de 1 m de altura nos ombros. No entanto, a maior delas, Megaloceros giganteus, popularmente chamada "alce-irlandês" ou "cervo-gigante", chegava a 2 m na cernelha e 600 kg. Seus chifres, que alcançavam até 3,5 m de ponta a ponta, pesavam cerca de 40 kg.

© Mundo Pré-Histórico

    Esses grandes herbívoros serviam de alimento para os primeiros humanos. Viviam em prados e florestas abertas, durante a última era glacial. Os indivíduos machos usavam suas enormes galhadas para atrair fêmeas e intimidar outros machos, sendo dominantes aqueles com os maiores chifres.
    Anualmente, após a estação de acasalamento, a galhada se soltava, e um novo conjunto precisava crescer a tempo da próxima estação. Isso requeria um grande suprimento de nutrientes da alimentação, e o organismo também retirava alguns nutrientes armazenados nos ossos. Com as mudanças climáticas do final do Pleistoceno, surgiram novos tipos de plantas, menos ricas em minerais, que substituíram a vegetação que o animal comia e afetaram sua nutrição. Esqueletos cada vez mais fracos sofriam fraturas com maior frequência: provavelmente, o Megaloceros extinguiu-se porque não conseguia se desenvolver plenamente com essa deficiência nutricional. Megaloceros giganteus esteve entre as últimas espécies do gênero. Resistiu até 7,7 mil anos atrás no norte da Sibéria, onde as mudanças ambientais chegaram mais tarde.
    Ainda nos séculos XVII e XVIII, fósseis de Megaloceros já eram conhecidos pelos cientistas, embora estes acreditassem que se tratava de algum animal ainda vivo (o conceito de extinção só viria a ser aceito anos mais tarde). Foi nomeado em 1799, por Johann F. Blumenbach. Vestígios já foram encontrados na Rússia, China, Japão, Alemanha, França e Irlanda (este último, onde foram encontrados os fósseis mais conservados). O Megaloceros tem como parente atual mais próximo o gamo (Dama dama), espécie nativa do Oriente Médio e sul da Europa.

Classificação científica:
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Artiodactyla
Família: Cervidae
Subfamília: Cervinae
Gênero: †Megaloceros
Espécies: †Megaloceros stavropolensis, †M. luochuanensis, †M. antecedens, †M. pachyosteus, †M. savini e †M. giganteus

Megaloceros savini, da França, possuía galhadas retas, com pontas semelhantes a espinhos. Essa seria uma adaptação a ambientes de mata mais fechada.
© Stanton F. Fink
Neandertais caçavam cervos-gigantes para se alimentar. Enquanto isso, na Terra-média, Thranduil, o rei élfico, usava um desses como montaria (quem assistiu à trilogia O Hobbit?)
© Jose Antonio Peñas / Science Photo Library
Embora chamado "alce-irlandês", o Megaloceros giganteus não era exclusivo da Irlanda, muito menos um alce.

Fontes: Prehistoric Wildlife, University of California Museum of Paleontology e Wikipedia.

8 comentários:

  1. Ele não é o cervo do senhor dos anéis do rei dos elfos?

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    1. Sim, provavelmente a criatura foi inspirada no Megaloceros! Eu até mencionei isso na legenda de uma imagem da postagem.

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    1. Acho que a postagem não estava muito clara neste ponto, mas todos os cervídeos são herbívoros.

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  3. O Megaloceros giganteus resistiu até 7,700 anos? Velho, esse bicho viveu ontem na terra! Mais um pouco e teríamos convivido com ele até hoje. Um dos maiores cervos da história.
    Se bem que o alce podem até ficar mais pesado, kkkk! O maior alce registrado era um monstro que pesava 820 kg!

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  4. Felipe, existe alguma designação para o Cervalces latifrons em português?

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    1. Dei uma pesquisada aqui. Em inglês ele é chamado de "broad-fronted moose". Vi algumas páginas traduzindo como "alce-de-frente-larga", mas acho isso beeem estranho. O mais apropriado seria "alce-de-fronte-larga" ou "alce-de-testa-larga". Inclusive, é isso que o "latifrons" do nome científico significa, uma vez que o primeiro fóssil descoberto da espécie foi um osso frontal bastante largo. Parando pra analisar, não é que esse alce tinha uma testa maior que a cara, o nome simplesmente deriva da descrição de um material que era maior que o normal.

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    2. "Alce-de-frente-larga" é de capotar o chevette, kkk! Se esse alce tivesse uma testa maior do que a cara, aliado a aquelas galhadas bizarramente largas, seria um bicho realmente feio de se ver em vida, e olha que um alce não é dos animais mais bonitos.

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