15 março 2017

Terópodes (Theropoda)

Os terópodes são um grupo bastante diverso.
© Karel Cettl

    A subordem Theropoda (do grego "pés de besta") é um grupo de dinossauros saurísquios, composto por diversos predadores bípedes, bem como seus descendentes, as aves. Surgiram no final do período Triássico, há 230 milhões de anos, e incluem os grandes carnívoros que viveram no Jurássico e no Cretáceo, até 66 milhões de anos atrás. No Jurássico, as aves evoluíram a partir de pequenos terópodes celurossauros, sendo hoje representadas por cerca de 10 mil espécies. O que todos os terópodes têm em comum são os pés com três dedos usados para sustentar o peso, já que o primeiro dedo não alcança o chão. O dedo do meio (o maior dígito) sustenta a maior parte do peso do corpo.
    Penas ou estruturas semelhantes estavam presentes na maioria das linhagens de terópodes, principalmente nos celurossauros, um grupo mais próximo das aves. Muitos grandes terópodes tinham a pele coberta por escamas pequenas e irregulares; em algumas espécies, como o Carnotaurus, protuberâncias ósseas chamadas osteodermes eram dispersas ao longo do corpo. Ancestralmente carnívoros, os terópodes eram, em sua maioria, predadores. Entretanto, muitos grupos especializaram-se em diferentes dietas, dando origem a animais piscívoros, insetívoros, onívoros e até mesmo herbívoros.

Os espinossaurídeos, entre eles o Baryonyx, tinham crânios incomuns, alongados e estreitos, semelhantes ao de um crocodilo e extremamente especializados para capturar peixes e pequenos animais.
© Yuriy Priymak
Therizinosaurus faz parte de um grupo de terópodes do Cretáceo muito peculiares: herbívoros, possuíam garras incrivelmente longas, usadas para agarrar e cortar folhas.
© Todd Marshall, 2004

Evolução


Herrerasaurus e Eoraptor, dois dos primeiros dinossauros, estão próximos da base da árvore evolutiva dos terópodes, embora possam não ser terópodes propriamente ditos, mas saurísquios mais primitivos.
© Melissa Frankford, 2004

    Os terópodes mais antigos de que se tem notícia, como o Eodromaeus, viveram na América do Sul, de onde eles parecem ter irradiado para o restante do mundo. Esses pequenos predadores com garras e dentes afiados surgiram há cerca de 230 milhões de anos, possivelmente a partir de dinossauros como os herrerassaurídeos (Herrerasaurus, Staurikosaurus). O grupo mais primitivo de dinossauros inequivocamente terópodes são os celofisoideos (Coelophysoidea), que incluem, por exemplo, Gojirasaurus e Coelophysis.
    No início do Jurássico, apareceram os ceratossauros (Ceratosauria), animais com chifres ou protuberâncias na cabeça, como Ceratosaurus e Carnotaurus. Nem todos tinham chifres, mas todos mantiveram características primitivas que outros terópodes perderam (por exemplo, mãos com quatro ou cinco dedos).

Ceratosaurus, que viveu há cerca de 150 milhões de anos, ameaça um Brachiosaurus. Em meio aos gigantes, voa um bando de Rhamphorhynchus.
Crédito: John Sibbick

    A maioria dos últimos terópodes é conhecida como Tetanurae ("caudas rígidas"). Os grupos que surgiram anteriormente tinham corpos e caudas mais flexíveis, em que músculos ligavam os ossos da coxa ao meio da cauda, que balançava de um lado para o outro conforme andavam. Os tetanuros desenvolveram músculos cauda-coxa mais curtos, tornando as extremidades posteriores da cauda menos móveis. Isso os auxiliava a mudar de direção quando corriam. Também possuíam crânios menos sólidos do que os dos ceratossauros, dentes posicionados somente antes dos olhos e mãos com três dedos.
    Os primeiros tetanuros conhecidos incluem as famílias Megalosauridae e Spinosauridae. Os alossauros (Allosauria) são outro grupo importante de tetanuros, composto por grandes espécies carnívoras, entre elas os maiores terópodes que existiram. Tinham braços fortes, pernas musculosas e crânios altos, muitas vezes com margens ou cristas sobre o focinho ou os olhos. Suas maxilas imensas contavam com dentes estreitos e curvados.

Allosaurus, grande terópode do final do Jurássico
© Kaek Starkiller

    Um novo grupo de terópodes tetanuros surgiu em meados do Jurássico: os celurossauros (Coelurosauria). Eram primariamente predadores pequenos e velozes, que se alimentavam de lagartos e pequenos mamíferos. Nos celurossauros, importantes músculos da coxa tornaram-se ligados à cintura pélvica, mais do que à cauda, que se tornou mais curta e leve. Antes do fim do Jurássico, eles já haviam se diferenciado e, no Cretáceo, havia os tiranossaurídeos (Tyrannosauridae), compsognatídeos (Compsognathidae), ornitomimossauros (Ornithomimosauria) e manirraptores (Maniraptora).

Os ornitomimossauros ornitomimídeos, como o Struthiomimus, com suas pernas longas, bico e pescoço comprido, são celurossauros semelhantes a avestruzes, exceto pela longa cauda óssea.
Crédito: Nobu Tamura
Ornithomimus são perseguidos por um Tyrannosaurus. Os tiranossaurídeos foram uns dos últimos dinossauros e estão entre os maiores e mais ferozes predadores, embora sejam parentes próximos dos dinossauros de constituição mais delicada que deram origem às aves (os celurossauros).
© Mohamad Haghani, 2012

    Os manirraptores são celurossauros caracterizados por braços longos, um osso do pulso em forma de meia-lua e mãos com três dedos capazes de agarrar - uma habilidade que as aves aproveitaram para o bater das asas. Ao contrário da maioria dos outros dinossauros saurísquios (que possuem o osso púbico voltado para frente), muitos grupos de manirraptores possuem o osso púbico voltado para trás, como nos ornitísquios e nas aves atuais. As penas, possivelmente, desenvolveram-se como uma forma de mantê-los aquecidos. Penas maiores nas mãos e nos braços ajudavam a planar e controlar sua direção quando saltavam, e, assim, pode ter se originado a capacidade de voar.
    No Jurássico Superior, evoluíram dos manirraptores os primeiros aviales (Avialae), grupo de dinossauros muito próximos das aves. No Cretáceo, desenvolveu-se uma variedade desses "dinoaves", muitos deles mantendo certas características primitivas, como dentes, asas com garras e caudas ósseas longas. Algumas linhagens modernas de aves já haviam surgido ao final do Cretáceo e, quando todos os dinossauros não avianos foram extintos, elas foram as únicas representantes que restaram dos dinossauros.

O dromeossaurídeo Deinonychus, um manirraptor.
© Durbed
O pequeno terópode Mei, muito semelhante a uma ave.
© Emily Willoughby, 2012
© Davide Bonnadonna

Fontes: Enciclopédia dos dinossauros e da vida pré-histórica (São Paulo: Abril, 2008), University of California Museum of Paleontology e Wikipedia.

9 comentários:

  1. coloca o erlikossauro

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  2. Os terópodes fazem parte dos saurísquios? Pois ouvi dizer que eles fazem parte dos Ornitocelida ao pé dos ornitochias. E que os saurísquios agora são apenas os herrerassaurídeos e saurópodes.
    Isso é verdade?

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    1. Tradicionalmente, os terópodes são considerados saurísquios, junto com os sauropodomorfos. No entanto, um novo modelo de classificação, proposto em 2017, agrupa os terópodes com os ornitísquios, formando o clado Ornithoscelida, como você falou.
      Os dois modelos têm seus pontos a favor e contra, resta agora aguardar mais estudos para definir qual deles se sustenta melhor.

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    2. Sim os tepopodes sao saurichios!!!

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    1. Tambem são 🐤🐣🐊🐓🐊🐍🐢🐔🐣🐤🐦

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  4. Felipe , essa postagem me fez finalmente entender o que era um tetanurae , coelurossauro etc. Só tenho uma dúvida : as evidências reais de penas em terópodes não avianos são majoritariamente encontradas em espécies menores ( com certas excessões , como Therizinosaurus em geral e o Yutyrannus ) . Porém , em terópodes maiores , como allosauroides , abelisauroides e megalosauroides , essas evidências são escassas . E , considerando estes grupos bem diversificados ( baseado em meus conhecimentos pessoais ) , seria equivocado considerar que muitos terópodes grandes não avianos teriam penas ? Digo , em muitas animações , filmes e ilustrações animais como Tyrannosaurus e Allosaurus são mostrados como tendo penas somente por causa do parentesco com aves ou dos ancestrais com penas . Digo , se não há provas de penas , e sendo eles grandes o suficiente para inutilizar o calor destas , além dos exames de pele feitos em Tyrannosauridae avançados ( sem revelações de penas ) ... Ainda há algum estudo , estatística , relação evolutiva prática etc. que justifique penas nesses animais ? Sei que a pergunta foi longa , mas a aparência destes animais é importante 😄🤓 . Boa noite 🌝 !

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    1. Olá, Lorenzo!
      As maiores evidências de penas em dinossauros não avianos está na linhagem dos celurossauros, justamente a que leva às aves. Porém, é possível que linhagens anteriores também tivessem. Considera-se isso porque filamentos semelhantes a penas estavam presentes em diferentes grupos de dinossauros, incluindo o ceratópsio psitacossauro, por exemplo, e até nos pterossauros, o que indica que essas estruturas surgiram em um ancestral ainda mais antigo (mesmo que não fossem tão elaboradas quanto as penas das aves). Algumas linhagens poderiam ter perdido as penas posteriormente, como os dinossauros maiores, que gerariam calor suficiente através da própria massa e poderiam se superaquecer caso possuíssem algum tipo de cobertura. Entretanto, há excessões a essa hipótese, como você mencionou (Yutyrannus e os terizinossauros). Então, não é impossível que outros grandes terópodes não avianos fossem emplumados, mesmo que ainda não existam provas fósseis. Além do mais, a preservação de penas só ocorre em raras ocasiões, e pode ser que muitas espécies só não deixaram vestígios delas.

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